MINAS: Essenciais na produção de baterias elétricas, minerais como lítio, cobre e cobalto já provocam uma espécie de “nova corrida do ouro” pelo mundo.

MINAS: Essenciais na produção de baterias elétricas, minerais como lítio, cobre e cobalto já provocam uma espécie de “nova corrida do ouro” pelo mundo.

O Brasil está no páreo para alimentar a transição energética e tem apostado em Minas Gerais, Pará, Goiás e Bahia — maiores produtores de minério do país.
O que não está sendo levado em conta, no entanto, é a alta exposição destas regiões a riscos climáticos e conflitos sociais alimentados pela mudança do clima. Este é o alerta do relatório “Riscos Climáticos Cumulativos para Minerais de Transição no Brasil”, lançado nesta quarta-feira (23) pelo Observatório da Mineração, voltado ao setor extrativo brasileiro.
Segundo o documento, todos os quatro estados com maior produção de minério têm alta exposição a mudanças nos padrões climáticos até 2030. Minas, Goiás, Pará e Bahia devem vivenciar mudanças significativas nos regimes de temperatura e chuva — tanto em volume quanto em sazonalidade — no futuro próximo.
Para Maurício Angelo, diretor do Observatório da Mineração, o setor minerário aposta no discurso de que a extração de minerais de transição pode ser ambientalmente sustentável e é essencial para a transição energética, “como se esta expansão fosse ocorrer sem impactos”. “O modelo mineral brasileiro não mudou. A narrativa mudou, mas a prática segue igual”, avalia.
A percepção de Angelo não é isolada. “É uma ilusão achar que só porque é lítio ou níquel a mineração se torna verde. Ela continua sendo extrativista, poluente e concentradora de impactos”, diz a engenheira ambiental Juliana Siqueira-Gay, professora da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP).
Ainda de acordo com o relatório, enquanto longos períodos de seca tendem a colocar mais pressão sobre recursos hídricos, chuvas irregulares aumentam a insegurança de pilhas e barragens de rejeito. Com a saúde e segurança de trabalhadores e comunidades em risco, conflitos e tensões sociais podem se agravar.
FONTE: Com informações de Observatório da Mineração