FOI DADA A LARGADA! Abertura Nacional do Plantio da Soja destaca déficit de armazenagem e perspectivas de mercado

Evento que marca o início oficial da safra 23/24 ocorreu nesta sexta-feira, em Jaciara (MT) e contou com mais de 400 pessoas
As máquinas entraram em campo para dar a largada em uma safra nacional cujo potencial produtivo chega a 163 milhões de toneladas do grão. Além do desfile de plantadeiras, o evento reuniu especialistas da cadeia da oleaginosa em dois painéis: Desafios da Armazenagem e Perspectivas de Mercado.
Na cerimônia de abertura, o presidente do Canal Rural, Julio Cargnino fez um grande anúncio. A Abertura Nacional da Colheita da Soja já tem data e local marcados: dia 1 de março, em Tapera, Rio Grande do Sul. “É uma data significativa porque em 2024, completa 100 anos em que a soja chegou ao Brasil”.
Já o presidente da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Fernando Cadore, ressaltou que o Brasil passou, em algumas décadas, de importador de alimentos para o celeiro do mundo.
O presidente da Aprosoja-MT lembrou que o Brasil produziu 315 milhões de toneladas de grãos na safra 2022/23, sendo 155 milhões apenas de soja, mas o grande problema persiste: falta de armazéns.
Cadore acredita que a disponibilidade de crédito no Brasil não foi constituída para que o produtor tenha armazenagem dentro de sua propriedade. “Se quebra uma correia de uma colheitadeira e o agricultor vai atrás de repô-la, consegue sair da loja com uma máquina nova, mas para construir um armazém não tem, nem de perto, essa mesma facilidade”, ressalta.
Para ilustrar o problema, ele traça um paralelo: “Produzir sem ter armazém é o mesmo que possuir uma sorveteria com freezer para apenas 50% dos sorvetes que possui”.
Consciência do produtor
De acordo com o representante da entidade, o problema passa, também, pela consciência do produtor. “Precisa reduzir a evolução de aquisição de máquinas e pensar em armazenagem. Não adianta ter máquinas novas se o caminhão está na fila de escoamento por falta de lugar para guardar a produção”.
Já a diretora-executiva da Casp, Anelise Marques, que também compôs o painel sobre os desafios da armazenagem no Brasil, ressaltou que o produtor não consegue acessar o crédito pelo excesso de burocracia e, também, pelo custo-Brasil.
“A taxa de juros para infraestrutura de armazenagem nos Estados Unidos é de 3,6%. No Brasil, quando o produtor consegue um índice de 8,5% é um milagre. Não temos uma política séria de desburocratização de acesso ao crédito para esse problema”.
Segundo ela, nos Estados Unidos, 66% dos armazéns estão nas fazendas. No Brasil, apenas 15%. “O produtor que armazena na fazenda tem liberdade econômica”.
Fonte: canalrural.com.br/agricultura/projeto-soja-brasil